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AT - ESBOÇO DE ECLESIASTES A EZEQUIEL

 O ANTIGO TESTAMENTO

ESBOÇO DE ECLESIASTES A EZEQUIEL

 

Eclesiastes 

Autor: Salomão
Data: Cerca de 931 aC

Autor e Data
O nome Eclesiastes deriva do termo grego ekklesia (“assembléia”) e significa “aqueles que fala a uma assem- bléia”. O termo hebraico correspondente éqohelet, que significa “aquele que convoca uma assembléia” recebendo muitas vezes a tradução de “Professor” ou “Pregador” em outras versões da Bíblia.
Eclesiastes e, geralmente creditado a Salomão (cerca de 971 a 931 aC), escrito em sua velhice. O tom pessimista que impregna o livro talvez seja um efeito do estado espiritual de Salomão na época (ver 1Rs 11). Embora não mencionado em 1Rs, Salomão provavelmente recobrou a consciência antes de morrer, arrependeu-se e voltou-se para Deus. Ec 1.1 parece ser uma referência a Salomão: “Palavra do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém”. Alusões à sabedoria de Salomão (1.16), à riqueza (2.8), aos servos (2.8), aos prazeres (2.3)e a atividade de edificação estão espalhadas por todo o livro.

Contexto
O livro evidencia um período em que, para o autor, as soluções tradicionais pras as grandes questões da vida, particularmente para o sentido da vida, perderam a sua relevância. Ao invés de responder estas questões com citações da Escritura, o Pregador introduz uma metodologia baseada na observação e na indução. A sabedoria, quando encontrada em outra literatura sapiencial da Bíblia (Jó, Pv e certos Sl), é sinônimo de virtude e piedade; e sua antítese, a loucura, representa a maldade. No livro de Ec, a palavra “sabedoria”, às vezes, é usada nesse sentido quando se trata da interpretação israelita tradicional sobre a sabedoria (como em 7.1-8.9; 10.1-11.16). Mas no capítulo de abertura (1.12-18), o autor lida com a sabedoria enquanto o processo de puro pensamento, semelhante à filosofia frega, com questionamento dos valores absolutos. Mesmo sem contestar a existência de Deus, a qual confere sentido à criação, o Pregador está determinado a procurar esse sentido através da sua própria experiência e observação, a fim de poder verificar esse sentido pessoalmente e transmiti-lo aos seus discípulos.

Conteúdo
O livro de Ec apresenta todos os indícios de ser um ensaio literário cuidadosamente composto que precisa ser compreendido em sua totalidade antes de poder ser entendido em parte. O Conteúdo do livro é definido por versos quase idênticos (1.2; 12.8), que circunscrevem o livro ao antecipar e resumir as conclusões do autor. O tema é definido em 1.3: “Que vantagem tem o homem de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol?” Ou, pode a verdadeira sabedoria ser encontrada por um ser humano à parte da revelação de Deus?
A busca do Pregador é por algum tipo de valor (“vantagem) fixo, imutável, que possa ser achado nesta vida (“debaixo do sol”), que possa servir como base de uma vida adequada. O termo hebraico traduzido pro “vantagem” é yitron(1.3) e também pode ser traduzido por “ganho”, “valor”. “Vaidade” é uma palavra –chave no livro, traduzida do termo hebraico hebel (lit. “fôlego”), indicando assim aquilo que é mortal, transitório e efêmero. Tentando cada um dos caminhos propostos pela humanidade para alcançar o valor procurado, ele os acha evasivos (“aflição de espírito”), fugazes e transitórios (“vaidade”).
A “sabedoria” de 1.12-18 está desprovida de valor verdadeiro. E a resposta também não é encontrada no prazer, na riqueza, em grandes realizações (2.1-11), em um doutrina de compensação (2.12-17) ou no materialismo (2.18-26).
Qual deve ser nossa atitude diante do fato de que nem as realizações nem as coisas materiais são yitron, ou seja, não têm valor permanente? A resposta introduz o tema secundário do livro: devemos desfrutar tanto a vida como também as coisas que Deus nos tem concedido (3.11-12; 5.18-20; 9.7-10), lembrando que, no final, Deus nos julgará pelo modo como fizemos isso (11.7-10)
Mesmo a própria vida humana, em qualquer sentido humanista, secular, não pode ser considerada como o yitron que o Pregador procura. Mesmo a relação de vida e morte é um tema subordinado no livro.
Mas retomando à busca principal do Pregador: será que essa busca está destinada a terminar (12.8) como começou (1.2), numa nota de desespero? A constante investigação do Pregador por um sentido para toda a existência demonstra que ele é um otimista, não um pessimista, e o seu fracasso em descobrir algum valor absoluto, permanente, nesta vida (“debaixo do sol”), não significa que a sua busca seja um fracasso. Ao contrário, ele se acha forçado (pela observação de Deus pôs ordem no universo quando este foi criado, 3.1-14) a buscar o valor que tanto procura no mundo do porvir (não “debaixo do sol”, mas “acima do sol”, por assim dizer). Embora não afirme isso especificamente, a lógica que envolve toda a sua busca compele a encontrar o único verdadeiro yitron no temor (reverência) e na obediência a Deus (11.7-12.7). Isso é afirmado no epílogo: o dever de toda a humanidade é a reverência a Deus e o cumprimento dos seus mandamentos (12.13). Isso precisa acontecer, mesmo que durante esta vida não haja justiça verdadeira , pois Deus, no fim, trará a juízo tudo o que existe (11.9; 12.14). Com esta observação profunda o livro termina.

O Espírito Santo em Ação
Toda as referencias ao “espírito” em Ec são referentes à força vital que anima o ser humano ou o animal (ver 3.18-21). Apesar disso, o livro antecipa alguns dos problemas enfrentados pelo apóstolo Paulo na implementação de dons espirituais em 1Co 12-14. As pessoas que acreditam que Deus lhes fale através do ES em sonhos e visões (Jl 2.28-32; At 2.17-21) agiriam bem se prestassem atenção na sábia advertência do Pregador de que nem todo sonho é voz de Deus (5.3). Paulo aparenta ter isso em mente ao falar sobre os dons de línguas e profecias em 1Co 14.9, aconselhando uma manifestação ordenada, seguida de um julgamento da assembléia sobre a declaração. Da mesma forma, a ênfase do Pregador na reverência e na obediência a Deus é paralela à preocupação de Paulo com a edificação da igreja (1Co 14.5). Os verdadeiros dons espirituais— manifestações genuínas de ações ou expressões miraculosas– acontecem em espírito de reverência pra a glória de Deus através de Cristo e para a edificação dos crentes.

Esboço de Eclesiastes:

I- Prólogo 1.1-2

a) Identificação do Livro 1.1
b) Resumos das investigações do Pregador 1.2

II- Estabelecimento do Problema 1.3-11

a) Estabelecimento do problema: Pode-se encontrar algum valor verdadeiro nesta vida? 1.3
b) Exposição do problema: Uma refutação das soluções humanísticas 1.4-11

III- Tentativas de solução para o problema 1.12-2.26

a) A refutação da razão pura: A sabedoria humana, sozinha, é inútil. 1.12-18
b) O fracasso do hedonismo: O prazer não tem sentido em si mesmo. 2.1-11
c) O fracasso da compensação: O sábio e o tolo encaram um fim comum 2.12-17
d) O fracasso da materialismo. 2.18-26

IV- Desenvolvimento do tema 3.1 - 6.12

a) Inutilidade dos esforços humanos em mudar a ordem criada. 3.1-15
b) Inutilidade de um fim igual a criaturas desiguais. 3.16-22
c) Inutilidade de um vida oprimida 4.1-3
d) Inutilidade da inveja. 4.4-6
e) Inutilidade de ser sozinho. 4.7-12
f) Inutilidade de uma monarquia hereditária. 4.13-16
g) Inutilidade do fingimento numa religião formal. 5.1-7
h) Inutilidade de sistemas de valores materialistas. 5.8-14
i) Inutilidade de deixar para trás, na morte, os produtos do trabalho 5.15-20
j) Inutilidade da futilidade de uma vida despojada. 6.1-9
l) Inutilidade do determinismo da natureza.  6.10-12

V- A sabedoria prática e os seus usos. 7.1 - 8.9

a) Provérbios moralizantes sobre vida e morte, bem e mal. 7.1-10
b) A sabedoria e as suas aplicações. 7.11-22
c) Observações sábias variadas. 7-23 - 8.1
d) A sabedoria na corte do rei. 8.2-9

VI- Um retorno ao tema. 8.10 - 9.18

a) Inutilidade da compensação (novamente) 8.10 - 9.12
b) Inutilidade da natureza instável do homem (novamente) 9.13-18

VII- Mais sobre a sabedoria e seus usos 10.1 - 11.6

VIII- O único valor é temer a Deus e obedecê-Lo. 11.7 - 12.7

a) O primeiro resumo das conclusões 11.7-10
b) O segundo resumo: alegoria da velhice e morte 12.1-7

IX- Epílogo: Confirmação da conclusão 12.8-14

a) Resumo das conclusões do Pregador 12.8
b) Resumo das conclusões do pregador através de um discípulo. 12.9-14

 

Cantares 

Autor: Salomão
Data: Entre 970 a 930 aC

Autor e Data
A autoria de Salomão é contestada, mas a glória do simbolismo salomônico é essencial em Cantares. Jesus referiu-se duas vezes à glória e sabedoria de Salomão (Mt 6.29; 12.42). Como filho real de Davi, Salomão tece um lugar singular na história da aliança (2Sm 7.12,13). Seus dois nomes de nascimento, que simbolizam paz (Salomão) e amor (Jedidias), aplicam-se diretamente a Ct (2Sm 12.24-25); 1Cr 22.9). O glorioso reino de Salomão foi como uma restauração do jardim do Éden (1Rs 4.20-34), e o templo e o palácio que construiu personificam as verdades do tabernáculo e a conquista da Terra Prometida (1Rs 6.7). Salomão encaixa-se perfeitamente como a benção personificada do amor da aliança, visto que ele aparece em Ct com toda a sua perfeição real (1.2-4; 5.10-16).
Embora Ct não forneça informações precisas sobre o contexto, Salomão reinou em Israel de 970 a 930 aC. Linguagem e ideais similares também são encontrados na oração que Davi fez no templo por Salomão e pelo povo durante a entronização de Salomão (1Cr 29)

Características e Conteúdo
O livro de Ct é a melhor de todas as canções, um trabalho literário de arte e uma obra– prima teológica. No séc. II, um dos maiores rabinos, Akida bem Joseph, disse: “No mundo inteiro, não há nada que se iguale ao dia em que o Cântico dos Cânticos foi entregue a Israel.” O livro de Ct, em si, é como a sua fruta favorita, a romã, em cores vivas e repleto de sementes. Bastante diferente de qualquer outro livro bíblico. Ele merece consideração especial como arquétipo bíblico que apresenta, de um modo novo, as realidades básicas das relações humanas. Ct emprega linguagem simbólica pra expressar verdades eternas, em semelhança ao Livro de Apocalipses.
Ct contém descrições da mulher sulamita juntamente com uma exibição completa dos produtos de seu jardim. Isso deve ser entendido como um paralelo poético do amor conjugal e como bênçãos ao povo da aliança, em sua terra.
Claras indicações são dadas na descoberta das bênçãos da aliança: “sai-te pelas pisadas das ovelhas” (1.8). Aqui, o termo “pisadas” é, literalmente, “marcas de calcanhar”, e pode ser uma alusão a Jacó, o patriarca cujo nome conota “um calcanhar”. A função pastoril de Jacó e a sua constante luta pela bênção de Deus e do homem são citadas como a norma bíblica para o povo de Deus (Os 12.3-4,12,14). Ele nasceu segurando o calcanhar do seu irmão, um manipulador congênito. Foi “desconjuntado” com ardil no âmago de seu ser, como ilustrado por seu mancar em Maanaim (Gn 32). Foi forçado a viver fora de sua terra sob a ameaça de uma irmão irado. Retornou pra sua terra depois de 20 anos com uma instituição familiar defeituosa. Ardil, falta de amor, ciúme, raiva e amor de aluguel (de mandrágora, um suposto afrodisíaco) entraram nessa fraca estrutura. Os próprios nomes das Doze Tribos mostram a necessidade de uma nova história familiar.
A sulamita ajuda e reescreve essa história. Ela executa a dança memorial de Maanaim (6.13); ver Gn 32.2). Quando encontra a quem ama, ela o detém e não o deixa partir (3.4; ver Gn 32.26). Mandrágoras perfumadas crescem nos campos dela (7.11-13; ver Gn 30.14). Quando as filhas vêem, chama-na bem– aventurada ou feliz (6.9; ver Gn 30.13). Na sulamita, a corrompida árvore familiar produz “frutos excelentes”, os melhores (7.13; ver Dt 33.13-17). As bênçãos da aliança que havia sido distorcidas são redimidas.
Os mesmos acontecimentos também podem ser visto como retratos do amor conjugal. Dessa maneira, ela detém o seu marido e não o deixa partir (3.4). É o seu marido que elogia sua beleza (6.4-10). E a procissão de um casamento real e a alegria recíproca do noivo e da noiva aparecem retratadas em 3.6-5.1.

O Espírito Santo em Ação
De acordo com Rm 5.5, “o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo ES”. Baseado em Jesus Cristo, o ES é o poder de ligação e união do amor. A feliz unidade revelada em Ct é inconcebível à parte do ES. A própria forma do livro como cântico e símbolo é adaptada especialmente ao Espírito, pois ele mesmo faz uso de sonhos, linguagem figurada e o canto (At 2.17; Ef 5.18,19). Um jogo de palavras sutil, baseado no “sopro” divino do fôlego da vida (o ES, Sl 104.29,30) de Gn 2.7 parece vir à tona em Ct. Isso acontece em “antes que refresque o dia” (2.17; 4.6), no “soprar” do vento no jardim da sulamita (4.16) e, surpreendentemente, na fragrância da respiração e do fruto da macieira (7.8).

Esboço de Cantares

I. Cenas de abertura 1.1-2.7

Lembrando o amor do rei de bom nome 1.1-4
A morena e agradável guarda de vinhas 1.5,6
Procurando amor nas pisadas do rebanho 1.7,8
Removendo as marcas da escravidão 1.9-11
A linguagem do amor 1.12-17
O espírito e a árvore 2.1-6
A primeira súplica 2.7

II. A busca por abertura 2.8-3.5

Começando a busca 2.8-15
A alegria do amor no frescor do dia 2.16,17
A procura determinada pelo objetivo principal 3.1-4
A segunda súplica 3.5

III. A busca por mutualidade 3.6-5.8

A carruagem matrimonial real do amor da aliança 3.6-11
Conhecendo sulamita 4.1-7
Uma visão sobre a terra de cima do monte Hermom 4.8
Uma vida de união íntima num banquete no jardim 4.9-5.1
A queda da sulamita 5.2-7
A terceira súplica 5.8

IV. A busca por unidade 5.9 –8.4

Conhecendo Salomão 5.9-6.3
A glória triunfante da sulamita 6.4-10
O nobre povo da sulamita 6.11-12
A dança memorial de Maanaim 6.13-7.9
O início do novo amor de iguais 7.9 –8.3
A quarta súplica 8.4

V. Últimas cenas com resumo de realizações 8.5-14

alcançando o objetivo principal 8.5
Alcançando o amor autêntico 8.6,7
Alcançando ao maternidade e a paz 8.8-10
Obtendo uma vinha igual a de Salomão 8.11-12
Obtendo a herança 8.13-14

 

Isaías 

Autor: Isaias
Data: Entre 700 - 690 aC

Autor
O primeiro versículo deste livro coloca Isaías, o filho de Amoz, como o seu autor. O nome “Isaias” significa “O SENHOR é salvação”. A visão e a profecia são reivindicadas quaro vezes por Isaías; seu nome é mencionado mais doze vezes no livro. Seu nome também aparece doze vezes em 2Rs e quatro vezes em 2Cr.

O Livro de Is é citado diretamente no NT vinte e uma vezes sendo atribuído em cada caso ao profeta Isaías. Argumentos diversos favorecem a autoria única: 1) palavras– chave e frases-chave estão igualmente distribuídas através de todo o livro; 2) referências à paisagem e as cores locais são uniformes. A beleza de estilo superior na poesia hebraica nos últimos capítulos de Is pode ser explicada pela mudança de assunto, de julgamento e súplica para consolo e segurança.

Data
O profeta coloca que ele profetizou durante os reinados de “Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá” (1.1). Alguns aceitam que o seu chamado para o ofício profético tenha sido feito no ano que o rei Uzias morreu, que foi em cerca de 740 aC (6.1,8). Entretanto, é provável que ele tenha começado durante a ultima década do reinado de Uzias. Por Isaías mencionar a morte do rei da Assíria, Senaqueribe, que morreu em cerca de 680 aC (37.37,38), ele deve ter sobrevivido a Ezequias por alguns anos. A tradição diz que Isaías foi martirizado durante o reinado de Manassés, filho de Ezequias. Muitos acreditam que a forma “serrados” em Hb 11.37 é uma referência à morte de Isaías. A primeira parte do livro pode ter sido escrita nos primeiros anos de Isaías, e oca capítulos posteriores, após a sua retirada da vida pública.

Se Isaías começa profetizando em cerca de 750 aC, o seu ministério pode ter se sobreposto aos ministérios de Amós e Oséias em Israel, bem como o de Miquéias em Judá.

Contexto Histórico
Isaias profetizou no período mais crucial da história de Judá e Israel. Ambos os reinos do Norte e do Sul haviam experimentado cerca de meio século de poder e prosperidade crescentes. Israel, governado por Jeroboão e outros seis reis de menor importância, tinha sucumbido ao culto pagão; Judá, sob Uzias, Jotão e Ezequias, manteve uma conformidade exterior à ortodoxia, mas, gradualmente, caiu num sério declínio moral e espiritual (3.8-26). Lugares secretos de culto pagãos eram tolerados; o rico oprimia o pobre; as mulheres negligenciavam suas famílias na busca do prazer carnal; muitos dos sacerdotes e profetas tornaram-se bêbados que queriam agradar os homens (5.7-12,18-23; 22.12-14). Embora estivesse para vir mais uma avivamento a Judá sob o rei Josias (640-609 aC), estava claro para Isaías que a aliança registrada por Moisés em Dt 30.11-20 havia sido tão inteiramente violada, que o cativeiro e o julgamento eram inevitáveis para Judá, assim como o era para Israel.

Isaías entrou em seu ministério aproximadamente na época da fundação de Roma e dos primeiros Jogos Olímpicos dos gregos. As forças européia ainda não estavam preparada para grandes conquistas, mas diversas potências asiáticas estavam olhando para além de sua fronteiras. A Assíria, particularmente, estava inclinada a conquistas ao sul e ao oeste. O profeta, que era um estudioso dos assuntos mundiais, podia ver que o conflito era iminente. A Assíria conquistou Samaria em 721 aC.

Cristo Revelado
Depois de sua ressurreição, Jesus caminhava com dois de seus discípulos e “explicava-lhes o que dele se achava em todas a Escrituras” (Lc 24.27). Para fazer isso, ele deve ter extraído muita coisa do Livro de Is, porque dezessete capítulos contém referências proféticas a Cristo.

Cristo é citado como o “Senhor, Renovo do Senhor, Emanuel, Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz, Raiz de Jessé, Pedra Angular, Rei, Pastor, Servo do SENHOR, Eleito, Cordeiro de Deus, Líder e Comandante, Redentor e Ungido”
O Cap. 53 é o grande capítulo do AT que profetiza a obra expiatória do Messias. Nenhum texto em ambos os testamentos expõe de um modo tão completo o propósito da morte vicária de Cristo na cruz. Ele é citado diretamente nove ou dez vezes por escritores do NT: 52.15 (Rm 15.21); 53.1 (Jo 12.38; Rm 10.16); 53.4 (Mt 8.17); 53.5 (Rm 4.25; 1Pe 2.24); 53.7-8 (At 8.32-33); 53.9 (1Pe 2.22); 53.10 (1Co 15.3-4); 53.12 (Lc 22.37). Também existem muitos cumprimentos de detalhes no cap. 53 em adição às citações diretas.

O Espírito Santo em Ação
O ES é mencionado especificamente quinze vezes, sem contar as referências ao poder, efeito ou influência do Espírito que não citam seu nome. Há três categorias gerais sob as quais a obra do ES pode ser descrita:

A unção do Espírito sobre o Messias pra fortalece-lo, para seu domínio e governo como Rei no trono de Davi (11.1-12); como o Servo sofredor do Senhor, que irá fazer cura, libertação, iluminação e justiça às nações (42.1-9); como o Ungido (Messias) em seus dois adventos (61.1-3; Lc 4.17-21).
O derramamento do Espírito sobre Israel para lhes dar triunfo em sua reabilitação conforme o padrão do Êxodo (44.1-5; 63.1-5), para protegê-los de seus inimigos (59.19) e para preservar Israel em relacionamento de concerto com o SENHOR (59.21). Entretanto, Israel deve ser cuidadoso para não se rebelar e contristar o ES (63.10; Ef 4.30)
A operação do ES na criação e na preservação da natureza (40.30; ver também 48.16)

O Senhor Jesus, que teve seu ministério terreno realizado no poder e unção do ES, como Isaías havia profetizado, prometeu derramar seu Espírito sobre a Igreja, pra fortalecê-la para o ministério no cumprimento da Grande Comissão.

Esboço de Isaías

I. Profecia de denúncia e convite ( parte I) 1.1-35.10

Mensagem de Julgamento e promessas 1.1-6.13
Mensagem concernentes ao Emanuel 7.1-12.6
Mensagem de Julgamento sobre as nações 13.1-24.23
Mensagem de Julgamento, louvor, promessa 25.1-27.13
Os infortúnios dos descrentes imorais em Israel 28.1– 33.24
Resumo 34.1-35.10

II. O procedimento de Deus com Ezequias 36.1-39.8

Deus liberta Judá 36.1-37.38
Deus cura Ezequias 38.1-22
Deus censura Ezequias 39.1-8

III. Profecia de consolo e paz (parte II) 40.1-66.24

A garantia de consolo e paz 40.1-48.22
O Servo do Senhor, o Autor do consolo e da paz 49.1-57.21
A realização do consolo e da paz 58.1-66.24

 

Jeremias 

Autor: Jeremias
Data: Entre 626—586 aC

Autor
Jeremias, filhos de Hilquias, foi um profeta da cidade leveita de Anatote e talvez tenha sido descendente de Abiatar. O significado do seu nome é incerto, mas “O SENHOR exalta” e “O Senhor lança” são possibilidades. A vida pessoal desse profeta é mais conhecida do que a de qualquer outro profeta do AT porque ele nos deixou muitas marcas de seus pensamentos, preocupações e frustrações.

Jeremias recebeu a ordem de não se casar ou ter filhos para ilustrar a sua mensagem: o julgamento era iminente, e a próxima geração seria exterminada. Seu companheiro e amigo chegado era o seu escriba Baruque. Jeremias tinha poucos amigos além dele. Ao que parece, são qualificados como amigos apenas Aicão, Gedalias, filho de Aicão e Ebede-Meleque. Isso de deve em parte por causa da mensagem de ruína proclamada por ele, uma mensagem contrária à esperança do povo e que incluía um sugestão de rendição aos babilônios. Apesar dessa mensagem de ruína, da sua severa repreensão aos líderes e do desprezo pela idolatria, o seu coração doía pelo povo, pois abia que a salvação de Israel não esta desassociada da fé em Deus e de um relacionamento de aliança correto, expresso pela obediência.

Data
Jeremias profetizou a Judá durante os reinados de Josias, Jeoaqui, Jeconias e Zedequias. O seu chamado é datado de 626 aC, e o seu ministério continuou até pouco tempo depois da queda de Jerusalém, em 586 aC. O profeta Sofonias precedeu ligeiramente a Jeremias e Naum, Habacuque e Obdias forma contemporâneos seus. Ezequiel foi um contemporâneo mais jovem, profeizando na Babilônia de 593 aC a 571 aC.

Contexto Histórico
Jeremias iniciou seu ministério no reinado de Josias, um rei bom que adiou temporariamente o juízo de Deus prometido por causa do governo terrível de Manassés. Os acontecimentos estavam mudando rapidamente o Oriente Próximo. Josias tinha iniciado uma reforma, a qual incluía a destruição dos lugares altos pagãos em Judá e Samaria. Entretanto, a reforma teve um efeito pouco duradouro sobre o povo. Assurbanipal, o último grande rei assírio, morreu em 627 aC. A Assíria estava enfraquecendo, e Josias expandindo o seu território para o norte. A Babilônia, sob o domínio de Nabopolasar, e o Egito, sob Neco, estavam tentando sustentar sua autoridade sobre Judá.

Em 609 aC, Josias foi morto em Megido ao tentar impedir o Faraó Neco de ir contra o que restava da Assíria. Três filhos de Josias (Joacaz, Jeoaquim e Zedequias) e um neto (Joaquim) sucederam-no no trono. Jeremias viu a insensatez da linha de ação política desses reis e alertou-os sobre os planos de Deus para Judá, mas nenhum deles deu atenção à advertência. Jeoaquim foi abertamente hostil a Jeremias e destruiu um rolo enviado a ele, cortando-o em algumas colunas e jogando-as no fogo. Zedequias foi um governante fraco e vacilante, buscando às vezes os conselhos de Jeremias, outras vezes permitindo que os inimigos de Jeremias o maltratassem e o aprisionassem.

Conteúdo
O livro consiste principalmente em uma breve introdução (1.1-3), uma coleção de oráculos contra Judá e Jerusalém, que Jeremias ditou ao seu escriba Baruque (1.4-20.18), oráculos contra nações estrangeiras (25.15-38; caps 46-51), acontecimentos sobre Jeremias escritos em terceira pessoa, provavelmente por Baruque (caps 26-45), e um apêndice histórico (cap 52), que é quase idêntico a 2Rs 24-25. As profecias do livro não estão em ordem cronológica.

Jeremias tinha um coração compassivo para com o seu povo e orou por ele mesmo quando o Senhor lhe disse que não fizesse isso. Ainda assim, condenou os governantes, os sacerdotes e os falsos profetas por levar o povo à perdição. Atacou também o povo por sua idolatria e proclamou um juízo severo a menos que o povo se arrependesse. Conhecendo as intenções de Deus, defendeu a rendição à Babilônia e escreveu aos que já estavam no exílio para que se estabelecessem e vivessem suas vidas normalmente. Foi estigmatizado por muitos como traidor por causa da sua pregação. Entretanto, Jeremias tinha em seu coração o melhor para o povo. Sabia que a nação seria destruída caso a aliança de Deus não fosse honrada. Mas Deus também se interessava pelos indivíduos e seu relacionamento para com ele. Como Ezequiel, Jeremias enfatizou a responsabilidade individual.
Jeremias era apenas um jovem quando foi chamado para carregar uma severa mensagem de ruína ao seu povo. Tentou evitar essa tarefa, mas foi incapaz de permanecer calado. O povo tornara-se tão corrupto sob Manassés que Deus resolveu dar um fim à nação. Derrotado e levado ao exílio, o povo iria refletir sobre o que lhe acontecera e por quê. E depois do castigo e arrependimento apropriados, Deus traria uma remanescente de volta a Judá, puniria as nações que os havia punido e cumpriria a sua antiga aliança com Israel, Davi e os levitas. E ainda lhes daria uma nova aliança e escreveria a sua lei em seus corações. O trono de Davi seria novamente estabelecido, e sacerdotes fiéis serviriam ao povo.
Os oráculos contra as nações estrangeiras ilustram a soberania de Deus sobre todo o mundo. Todas as nações pertencem a ele e todas devem a ele por sua conduta.

Cristo Revelado
Através de sua ação e atitude, Jeremias retrata um estilo de vida similar ao de Cristo e, por esta razão, pode ser considerado um tipo de Cristo no AT. Ele demonstrou grande compaixão pelo seu povo e chorou por ele. Sofreu muito nas mãos do povo, mas perdoou. Jeremias é uma das personalidades mais parecidas com Cristo no AT.

Diversas passagens de Jeremias são aludidas por Jesus em seu ensino: “é, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome, um caverna de salteadores aos vossos olhos?” (7.11; Mt 21.13); “que tendes olhos e não vedes, que tendes ouvido e não ouvis” (5.21; Mc 8.18); “achareis descanso para a vossa alma”(6.16; Mt 11.19); “ovelhas perdidas forma o meu povo” (50.6; Mt 10.6).

O Espírito Santo em Ação
Um símbolo do ES é o fogo. Deus assegurou a jeremias: “converterei as minhas palavras na tua boca em fogo” (5.14). Em certo momento, Jeremias quis parar de mencionar a Deus, mas “isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; e estou fatigado de sofrer e não posso” (20.9). Hoje, chamaríamos a isso a obra do ES em Jeremias.

Além do trabalho normal de inspirar o profeta e revelar-lhe a mensagem de Deus, também é o ES quem cumpre a promessa do novo concerto que irá colocar a lei de Deus na mente de seu povo e escrevê-la no seu coração.

Esboço de Jeremias

I. O chamado de Jeremias 1.1-9
II. Coleção de discursos 2.1-33.26

Primeiro oráculos 2.1-6.30
Sermão do templo e abusos no culto 7.1-8.3
Assuntos diversos 8.4-10.25
Eventos na vida de Jeremias 11.1-13.27
Seca e outras catástrofes 14.1-15.21
Advertência e promessas 16.1-17.18
A santificação do sábado 17.19-27
Lições do oleiro 18.1-20.18
Oráculos contra leis, profetas e povo 21.1-24.10
O exílio babilônico 25.1-29.32
O livro de consolação 30.1-35.19

III. Apêndice histórico 34.1-35.19

Advertência a Zedequias 34.1-7
Revogada a libertação de escravos 34.8-22
O exemplo dos recabitas 35.1-19

IV. Julgamentos e sofrimentos de Jeremias 36.1-45.5

Jeoaquim e os rolos 36.1-32
Cerco e queda de Jerusalém 37.1-40.6
Gedalias e o seu assassinato 40.7-41.18
A fuga para o Egito 42.1-43.7
Jeremias no Egito 43.8-44.30
Oráculos para Baruque 45.1-5

V. Oráculos contra nações estrangeiras 46.1-51.64

Contra o Egito 46.1-28
Contra os filisteus 47.1-7
Contra Moabe 48.1-47
Contra os amonitas 49.1-6
Contra Edom 49.7-22
Contra Damasco 49.23-27
Contra Quedar e Hazor 49.28-33
Contra Helão 49.34-39
Contra a Babilônia 50.1-3

VI. Apêndice histórico 52.1-34

O reinado de Zedequias 52.1-3
Cerco e queda de Jerusalém 52.4-27
Sumário de três deportações 52.28-30
Libertação de Joaquim 52.31-34

 

Lamentações 

Autor: Jeremias
Data: 587 aC

Autor
Como era o costumes, os judeus usavam a primeira palavra do livro como seu título, e isso originalmente ficou conhecido como “ekah, “como!” Essa palavra era comumente usada para significar “Ai!” compara com seu uso em 2.1; 4.1 Is 1.21. Alguns também de referiam ao livro como qinot ou “lamentações”, e é assim que chegamos ao títulos que usamos.

O autor não é mencionado, mas tradições que vêm de muito antes de Cristo sustentam que Jeremias o tenha escrito. Existe muitas semelhanças entre os textos de Lm e Jeremias

Contexto Histórico
O povo de Judá foi capaz de pensar que eles eram a única raça escolhida por Deus. Como tal, eles sentiram que poderiam sempre experimentar boas coisas. Deus tinha feito um concerto de bênçãos com eles, mas isto tudo era condicional. Uma descarada desobediência poderia significar que os bons aspectos das bênçãos poderiam ser substituídos por um castigo. O cumprimento das promessas de bênção podiam sempre pular algumas gerações de israelitas que eram desobedientes.

Os Livros de 2Rs e 2Cr descrevem o declínio moral do Reino de Judá (apesar das advertências proféticas), que conduzia à derrota e ao cativeiro (ver 2.17). Quando o rei Zedequias se rebelou contra os babilônios, aos quais o povo de Judá ficou sujeito. Nabucodonosor atacou Jerusalém (2Rs 24.20). Enquanto ele estava sitiando a cidade, o povo que estava dentro da cidade estava faminto. Quanto eles romperam o muro, Zedequias e os soldados procuraram fugir (2Rs 25.4). Mas eles logo foram levados cativos. Nubuzaradã, capitão da guarda de Nabucodonosor, destruiu a mairo parte de Jerusalém, queimou o templo e levou a todos, exceto as pessoas mais pobres, para o exílio (2Rs 25.8-12)
Os poemas deste livro parecem ter sido compostos durante e após o tempo no qual tudo isso estava acontecendo. Esses poemas se tornam especialmente penetrantes quando contratam as antigas bênçãos e forças de Judá com o caos e o sofrimento que seus pecados haviam levado sobre si. O povo escolhido e protegido tinha perdido tudo e estava numa situação de desesperança. Tudo que tinha significado para esse povo havia sido destruído. Mas os poemas também descreve o ministério de Jeremias, mandado novamente como profeta para falar a respeito das circunstância modificadas do povo de Deus. Ele ajudou o povo a dar a expressão necessária para as suas aflições e também deu conforto para ele. Ele também os ajudou a pensar a respeito da mão de Deus sobre eles em forma de castigo e ajudou para se submetessem penitentemente ao julgamento que eles mereceram até que isso tivesse passado (3.28-33) Somente após uma completa humilhação é que o povo estaria em condições de pensar sobre uma restauração.

Temas
As lamentações caracterizam seis temas principais, todos relacionados com o conceito de sofrimento:

O sofrimento deles era o resultado dos seus pecados. Esse forte tema é visto em cada capítulo ( como em 1.5; 2.14; 3.42; 4.13; 5.16). No tempo em que foram escritos, isso era obviamente aceiro. Até mesmo os babilônios reconheceram o fato (Jr 40.3). Eles sabiam que o seu sofrimento não havia v indo sobre eles por acaso. Ele foi devido à ira de Deus provocada por seus pecados (2.1). Ele estava lidando com a situação espiritual deles, e eles tinham de sentir isso de modo pessoal.
O sofrimento deles era visto como se causado por Deus e não por seres humanos.
O sofrimento deles poderia conduzi-los a Deus. O profeta está constantemente consciente de Deus, dos seus propósitos e do relacionamento de Deus com seu povo. Aqui não há indicação de que o sofrimento seja resultado de um total abandono de Deus ou de uma erradicação dos seus princípios da mente deles.
Sofrimento, lágrimas e oração devem andar juntos. Eles foram encorajados a abrir seu coração a Deus, chorar diante dele e contar a ela todos dos detalhes de sua dor, mágoa e frustração. Cada capítulo, exceto o 4, termina com uma oração.
A oração deve ser sempre feita buscando algum fio de esperança. A oração nunca deve ser derrotada pela aflição. Após detalhadas descrições de sofrimento e aflição, nos primeiros dois capítulos e meio, uma nova compreensão parece surgir em 3.21-24. Aqui, fala acerca da esperança e, também, da misericórdia, compaixão e fidelidade de Deus. Isso era uma prova de que uma manifestação da disciplina de Deus não significava que o seu amor havia cessado. Quando a disciplina tivesse atingido seu propósito, as circunstâncias mudariam (3.31,32). Deus pode ter usado a Babilônia, mas isso não significava que os babilônios eram seus eleitos ou que ele era a favor de seus métodos cruéis (3.34-36). O futuro continha um vindicação de Israel sobre seus inimigos (3.26.32)
A responsabilidade deles era de submeter pacientemente aos seus sofrimentos. As sua aflições tinha de ser aceitas com paciência, com a consciência de que isto iria terminar quando a vontade de Deus tivesse sido cumprida (3.26-32).

O Espírito Santo em Ação
A aflição divina sobre os pecados de Israel (2.1-6) no lembra que o ES é, freqüentemente, entristecido pelo nosso comportamento (Is 63.10). O arrependimento é também uma manifestação da obra do ES entre o povo de Deus (3.40-42; Jo 16.7-11)

Esboço de Lamentações

I. O primeiro poema: a miséria, o pecado e a oração de Jerusalém 1.1-22

A derrota, humilhação, sofrimento e pecado de Jerusalém 1.1-11
Falando ao mundo descuidado sobre seu castigo 1.12-19
Uma oração por ajuda em grande aflição 1.20-22

II. O segundo poema: a destruição mandada por Deus e a reação do profeta 2.1-22

Como o próprio Deus destruiu Israel 2.1-10
O sofrimento do profeta, desesperança e exortação à oração 2.11-19
A oração angustiada de Judá 2.20-22

III. O terceiro poema: a severidade e misericórdia de Deus; a submissão e a oração do povo 3.1-66

A severidade do castigo conduz a pensamentos de misericórdia 3.1-24
Submissão e humildade trazem misericórdia 3.35-39
O arrependimento deles chega tarde demais 3.40-47
O profeta e o povo confiam em Deus pra vindicação no fim 3.48-66

IV. O quarto poema: devastação, o resultado da desobediência 4.1-22

A devastação do povo e de seus líderes 4.1-11
A desobediência e seus resultados 4.12-20
Edom será castigado e Israel será ajudado 4.21.22

V. O quinto poema: uma oração registrando o sofrimento e apelos finais de Jerusalém 5.1-22

Uma lembrança de seu estado lamentável 5.1-10
Ninguém está isento do sofrimento 5.11-14
Todo o orgulho e a alegria se foram 5.15-18
O apelo final desesperado 5.19-22

 

Ezequiel 

Autor: Ezequiel
Data: Entre 593 - 573 aC

Autor
O autor, cujo nome significa “Deus fortalece”. É identificado como “Ezequeil, filho de Buzi, o sacerdote” (1.3). Embora essa identificação tenho sido questionada, parece não haver razão válida para se duvidar disso. Ele era, provavelmente, um membro da família sacerdotal dos zadoqueus, que se tornaram importantes durante as reformas de Josias (621 aC). Ele foi treinado para o sacerdócio durante o reinado de Joaquim, foi deportado para a Babilônia (1.1; 33.21; 40.1) em 597 aC e estabeleceu-se em Tel– Abibe, situada no canal do rio Quebar, perto de Nipur (1.1). Seu ministério coincidiu brevemente ao de Jeremias.

Data
O chamado de Ezequiel veio a ele em 593 aC, o quinto ano do reinado de Joaquim. A última data dada por oráculo (29.17) é, provavelmente, 571 aC, fazendo de seu ministério cerca de vinte anos de duração. A morte de sua esposa ocorreu ao mesmo tempo da destruição de Jerusalém, em 587 aC (24.1,15-17). Exilado por ocasião do segundo cerco de Jerusalém, por volta de sua iminente e completa destruição, incluído a partida da presença de Deus. Partes foram também, aparentemente escritas após a destruição de Jerusalém.

Conteúdo
A personalidade de Ezequiel reflete uma força mística. A proximidade de seu contato com o Espírito, suas visões e a freqüência com a qual a palavra do Senhor vinha até ele fornecem uma conexão entre os profetas extáticos mais antigos e os profetas e escritores clássicos. Suas experiências espirituais também anteciparam a atividade do ES no NT. A ele adequadamente pertence o título de “carismático”.

A mensagem de Ez foi endereçada ao resto dos pervertidos de Judá exilados na Babilônia. A responsabilidade moral do indivíduo é um tema de primeira importância em sua mensagem. A responsabilidade coletiva não mais resguarda o indivíduo. Cada um deve aceitar uma responsabilidade pessoal pela desgraça da nação. Cada um é responsável pelo seu pecado individual (18.24). Foi o peso do pecado acumulado de cada indivíduo que contribui para o rompimento do concerto de Deus com Israel, e cada qual leva uma porção da culpa pelo julgamento que resultou no exílio.
O livro está facilmente dividido em três seções: o julgamento de Judá (4-24), o julgamento das nações pagãs ( 25-32) e as futuras bênçãos pelo concerto de Deus com o povo (33-48).
Dois temas teológicos agem como um equilíbrio no pensamento do profeta. Na doutrina do homem em Ez, ele colocou a ênfase no dever pessoal (18.4: “a alma que pecar, essa morrerá”). Por outro lado, ele enfatizou a graça divina no renascimento da nação. O arrependimento do remanescente fiel entre os exilados resultaria na recriação de Israel a partir dos ossos secos (37.11-14). O divino Espírito os estimularia a uma nova vida. Por essa ênfase no ES na regeneração, Ez antecipava a doutrina do NT do ES, especialmente no Evangelho de João.

O Espírito Santo em Ação
Quer a revelação profética seja apresentada simbolicamente em visões, sinais, ações de parábolas ou em fala humana, Ez reivindica por eles o poder e a autoridade do ES. Além disso, há inúmeras referências ao Espírito de Deus no livro. Alguém pode quase que caracterizar o Livro de Ez como “os Atos do ES” no AT. Várias dessas referências merecem uma tenção em especial.

Em 11.5, o profeta afirma autobiograficamente que o Espírito do Senhor “caiu” sobre ele e lhe “disse”. O oráculo que segue é, desse modo, a Palavra de Deus nas palavras de Ezequiel, inspirado pelo ES. O mesmo (11.24) apresenta o Espírito como ativo em uma visão: “Depois, o Espírito me levantou e me levou em visão à Caldéia, para os do cativeiro.”
Talvez a situação melhor conhecida da atividade do Espírito esteja no cap. 37, a visão do vale dos ossos secos: “Veio sobre mim a mão do Senhor; e o Senhor me levou em Espírito, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos...”(v.1) A visão subseqüente relata o renascimento espiritual do restante do ovo que estava, até então, no exílio.
Um aspecto final da ação do Espírito na vida do profeta é achado em 36.26: “E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo.” Não é somente um ato externo do Espírito o “cair sobre” alguém, mas também a profetizada experiência subjetiva da presença do Espírito dentro, tal como Ezequiel inigualavelmente experimentou quando o Espírito “entrou” nele (2.2). Ezequiel antecipou a experiência do concerto do “novo nascimento”, o qual seria dado pelo Espírito.

Esboço de Ezequiel

I. O início da visão e chamada de Ezequiel 1.1-3.21

Visões introdutórias 1.1-28
O encargo dos profetas 2.1-3.21

II. Profecias e visões sobre a destruição de Jerusalém 3.22-24.27

Oráculos de julgamento 3.22-7.27
Visões de idolatria no templo 8.1-11.25
O exílio e cativeiro de Judá 12.1-24.27

III. Oráculos da ruína contra nações estrangeiras 25.1-32.32

Contra Amom 25.1-7
Contra Moabe 25.8-11
Contra Edom 25.12-14
Contra a Filistia 25.15-17
Contra Tiro 26.1-28.19
Contra Sidom 28.20-26
Contra Egito 29.1-32.32

IV. Profecias de restauração 33.1-48.35

Ezequiel como vigia 33.1-33
Deus como Pastor 34.1-31
Julgamento contra Edom 35.1-15
Restauração de Israel 36.1-37.28
Julgamento contra Gogue 38.1-39.29
Restauração do templo 40.1-46.24
Restauração da terra 47.1-48.35